domingo, 10 novembro 2024
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Legado de Dona Adelaide e o Conhecimento Etnobotânico na Comunidade Quilombola da Aldeia

Estudo destacou o conhecimento etnobotânico dos quilombolas da Aldeia e a importância cultural das plantas para a comunidade.
Ilustração: Júlia Locatelli e Gabriela Orofino

A Comunidade Quilombola da Aldeia, localizada em Garopaba, Santa Catarina, foi o foco de um estudo etnobotânico que revelou a rica relação entre os moradores e as plantas locais. Entre as figuras centrais desse estudo estava Dona Adelaide, uma benzedeira altamente respeitada, conhecida por seu profundo conhecimento sobre plantas medicinais e práticas de cura tradicionais.

Entre 2013 e 2014, as pesquisadoras Júlia Ávila, Kênia Maria de Oliveira Valadares e Sofia Zank, do Laboratório de Ecologia Humana e Etnobotânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realizaram pesquisas de mestrado e doutorado na Aldeia. O objetivo foi documentar o vasto conhecimento dos quilombolas sobre a flora local e a importância dessas plantas para a saúde e cultura da comunidade. As pesquisas identificaram 236 espécies de plantas, das quais 90% eram usadas ativamente pelos moradores.

Dona Adelaide desempenhou um papel crucial na manutenção e transmissão desse conhecimento. Ela era reconhecida por sua habilidade em utilizar plantas medicinais para tratar diversos males, como dores de barriga, gripe e resfriados. Seu trabalho não só ajudava na cura física, mas também fortalecia a identidade cultural quilombola, através de práticas tradicionais que incluíam rezas, banhos de ervas e defumações.

A pesquisa também destacou a importância dos quintais quilombolas, que abrigavam uma grande diversidade de plantas alimentícias e medicinais. Plantas como mandioca, banana, couve e hortelã eram cultivadas e trocadas entre os moradores, mantendo viva uma prática de agricultura sustentável e valorizando o conhecimento ancestral.

Dona Adelaide faleceu aos 100 anos de idade no dia 4 de julho de 2024, mas seu legado continuará vivo na comunidade. Seu vasto conhecimento sobre plantas e sua habilidade como benzedeira permanecem como um símbolo essencial na preservação das tradições da Aldeia.

O estudo está disponível em pdf para download neste link.

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