Durante a sessão ordinária realizada na terça-feira (1º), na Câmara de Vereadores de Garopaba, o relatório da Polícia Civil sobre a Operação Maestro gerou manifestações de parlamentares da base e da oposição. O documento, resultou no indiciamento de 17 pessoas, incluindo servidores públicos, empresários e o prefeito Júnior de Abreu Bento (PP) por suspeitas de fraude em licitações, falsidade ideológica e organização criminosa, além de apontar indícios de lavagem de dinheiro.
O vereador Rodrigo de Oliveira (PT), utilizou a tribuna para comentar o caso e destacou trechos do relatório. Ele afirmou que o prefeito da cidade estava sendo indiciado, e não apenas acusado, por três crimes administrativos, além de formação de organização criminosa e falsidade ideológica.
Segundo o parlamentar, o relatório indica que o objetivo da organização seria beneficiar interessados em procedimentos licitatórios sem atender às exigências legais, desviando recursos públicos por meio de itens não executados ou executados parcialmente.
Rodrigo também destacou a suspeita de lavagem de dinheiro, mencionando depósitos fracionados no valor de R$ 648 mil e outros R$ 1,3 milhão sem origem comprovada. Na avaliação do vereador, a Câmara precisa acompanhar o caso com seriedade.
O vereador da base governista, Filipe dos Santos (PP), conhecido como Felipe do Agro, defendeu o prefeito lendo um trecho da nota da defesa técnica e disse que não havia qualquer elemento no inquérito que comprovasse o recebimento de vantagens indevidas ou enriquecimento ilícito.
Ele lembrou o princípio constitucional da presunção da inocência e criticou julgamentos antecipados e comentários feitos nas redes sociais. Felipe afirmou que é preciso aguardar o desfecho do processo para emitir qualquer conclusão.
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O vereador Felippe de Souza (MDB) destacou que é importante não antecipar julgamentos, e da importância de não tirar a credibilidade da Polícia Civil, que tem 213 anos. Mas destacou que o teor das conversas registradas no relatório já permite ter uma noção do que ocorria nos bastidores do poder executivo municipal.
Felippe lembrou ainda que a Câmara havia conduzido uma CPI sobre as cestas básicas, que gerou desdobramentos no Tribunal de Contas e considerou legítimos os instrumentos de fiscalização utilizados pelo Legislativo.
O vereador Aires dos Santos (PP) também se posicionou em defesa do prefeito. Ele afirmou que nada foi concluído até o momento e que as investigações ainda serão analisadas pelo Ministério Público e pela Justiça. O parlamentar disse confiar nos órgãos responsáveis e reforçou seu apoio à atual gestão. Aires que também é um dos indiciados, mencionou ter vindo de uma família honesta e ter orgulho de sua história pública.
O presidente da Câmara, vereador Edmundo Alves do Nascimento (PP), encerrou a série de manifestações reforçando a confiança no prefeito Júnior Bento. Ele afirmou que o processo ainda está no início e que será o Ministério Público, e não a opinião pública, quem decidirá se haverá denúncia formal.
Edmundo leu em plenário a nota de defesa do prefeito, assinada por sua equipe jurídica e concluiu: “O prefeito entrou pobre na prefeitura e vai sair pobre — e ainda com fama de ladrão. Posso vir aqui mudar de opinião, mas no momento a gente não pode acusar ninguém.”
A Operação Maestro investiga suspeitas de irregularidades em contratos da Prefeitura de Garopaba firmados entre 2021 e 2023. O caso segue em segredo de justiça no Tribunal de Justiça, sob o nº 5050062-42.2025.8.24.0000.