O Campinense Esporte Clube, de Garopaba, protocolou nesta terça-feira (11) uma denúncia formal contra o Real Ferraz Futebol Clube junto à Junta Disciplinar do Campeonato Municipal de Garopaba. O documento, também encaminhado à Prefeitura Municipal de Garopaba, à Fair Play Arbitragem e Assessoria e à Ouvidoria, relata uma série de ocorrências consideradas antidesportivas durante a partida entre as equipes, disputada no último domingo (9), na Arena Ferraz.
Segundo a denúncia, a delegação do Campinense foi impedida de acessar as dependências do estádio e precisou desembarcar na rodovia GRP-010, onde, conforme o clube, enfrentou hostilidades e ameaças de torcedores locais. O texto aponta que o Real Ferraz teria sido omisso em garantir a segurança de atletas, comissão técnica e arbitragem.
Durante a partida, após a marcação de um pênalti a favor do Campinense, dirigentes, atletas e torcedores do Real Ferraz teriam invadido o campo e ameaçado o trio de arbitragem, o que provocou a paralisação do jogo por mais de 30 minutos. O documento relata que o pai do presidente do Real Ferraz entrou no gramado portando um objeto cortante e tentou agredir o goleiro do Campinense, gerando tumulto e risco à integridade física dos envolvidos.
Outro ponto destacado é a participação irregular do treinador e suplente de vereador Sidinei Gonçalves, que, segundo a denúncia, estava suspenso pela Junta Disciplinar, mas permaneceu nas dependências do estádio e entrou em campo durante o tumulto. O Campinense afirma ainda que Sidinei, que ocupa o cargo de Secretário Municipal de Segurança Pública, estaria armado e teria utilizado sua autoridade funcional para intimidar os árbitros.
O presidente do Real Ferraz, conhecido como “Quinho”, também é citado na denúncia por ter arrancado a súmula das mãos do árbitro e arremessado o documento. De acordo com o texto, o árbitro chegou a encerrar a partida por falta de segurança, mas acabou sendo pressionado a retomá-la.
Entre os pedidos apresentados pelo Campinense, estão:
- O reconhecimento das infrações cometidas pelo Real Ferraz aos artigos 203, 205, 214 e 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e aos artigos 203 e 204 do Código de Justiça Desportiva de Santa Catarina (CJD/SC);
- A perda dos pontos da partida a favor do Campinense;
- Subsidiariamente, a exclusão do Real Ferraz da competição, diante da gravidade dos fatos;
- A impugnação da súmula da partida, por divergências e suspeita de manipulação;
- A análise de vídeos, áudios e documentos anexados como provas;
- O julgamento do caso até quinta-feira (13), antes da próxima rodada, para garantir a regularidade do torneio.
Na nota oficial divulgada pela diretoria nesta terça-feira (11), o Campinense afirmou que a representação busca “preservar a credibilidade da competição e o princípio da igualdade entre os clubes”. O texto também menciona que o clube já foi punido de forma rigorosa em ocasiões anteriores e que decisões recentes têm demonstrado falta de uniformidade nos critérios adotados pela Junta Disciplinar.
O presidente do Campinense, Alan de Souza, disse ao Garopaba.sc que a decisão de protocolar a denúncia foi motivada pela “falta de critérios nas punições”. Segundo ele, a equipe cumpriu suspensões rigorosas em rodada anterior, enquanto o Real Ferraz teria recebido apenas advertências após um episódio “mais grave e tumultuado”.
Alan afirmou ainda que o principal motivo da denúncia foi o descontrole ocorrido durante a partida. “Quando o jogo estava zero a zero, o árbitro queria encerrar por falta de segurança, mas dirigentes que estavam dentro do campo não deixaram. O problema principal foi dentro de campo. O árbitro estava despreparado”, declarou.
O Garopaba.sc entrou em contato com o clube Real Ferraz e com Sidinei Gonçalves, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.
A Junta Disciplinar deve analisar o caso até quinta-feira (13), conforme solicitação do Campinense, antes do início da próxima fase do campeonato.
Nota oficial do Campinense na íntegra:
O Campinense Esporte Clube informa à sua torcida, à comunidade esportiva de Garopaba e às autoridades competentes que protocolou, nesta terça-feira (11), reclamação formal junto à Junta Disciplinar do Campeonato, à Prefeitura Municipal de Garopaba, à Fair Play Arbitragem e Assessoria e à Ouvidoria.
A representação refere-se a ocorrências graves registradas na partida contra o Real Ferraz, realizada no último domingo (09/11), válida pela pré-semifinal do Campeonato Municipal de 2025.
O documento aponta episódios de hostilidade, invasão de campo, ameaças à arbitragem, participação irregular de profissional suspenso e outras condutas incompatíveis com o espírito esportivo.
Diante disso, o Campinense solicita à Junta Disciplinar a aplicação das sanções previstas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e no regulamento da competição, incluindo a reversão do resultado em favor do Campinense ou, subsidiariamente, a exclusão da equipe infratora, considerando a gravidade dos fatos relatados.
O Clube ressalta também a disparidade de critérios observada em julgamentos anteriores: enquanto o Campinense recebeu punições severas por infrações de menor gravidade. Vejamos a participação de membro de comissão técnica do Real Ferraz suspenso em campo — não tiveram o mesmo rigor.
Tal situação causa preocupação e levanta questionamentos quanto à isonomia e independência das decisões, especialmente quando há vínculos públicos e políticos entre alguns envolvidos e membros da gestão municipal.
Reafirmamos que esta manifestação não tem caráter acusatório, mas visa preservar a credibilidade da competição e defender o princípio da igualdade entre os clubes, sem favorecimentos de qualquer natureza.
O Campinense Esporte Clube mantém-se firme na defesa do fair play, da ética e do respeito às normas desportivas, e seguirá utilizando todos os meios institucionais para garantir a correta aplicação das regras e o tratamento justo a todos os participantes.
Garopaba, 11 de novembro de 2025
Diretoria – Campinense Esporte Clube

