sábado, 26 abril 2025

“O abandono é o problema. E o silêncio também”, diz Tatiani Colares em defesa dos animais

Representante da APAG chamou atenção para falas públicas que reforçam preconceitos e desviam o foco da causa real.
Foto: Pexels
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Na sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Garopaba, realizada na terça-feira (22), a Tribuna Popular foi palco de uma manifestação contundente da defensora da causa animal Tatiani Colares, representante da APAG (Associação de Proteção aos Animais de Garopaba). Em uma fala embasada e repleta de dados, Tatiani denunciou a falta de políticas públicas efetivas, criticou o abandono de animais e a omissão das autoridades, e pediu que a cidade adote uma abordagem baseada em responsabilidade, ciência e empatia.

Tatiani Colares representante da APAG | Foto: Câmara/YouTube

Reação a discursos anteriores e apelo por empatia

Tatiani iniciou seu pronunciamento rebatendo falas recentes de parlamentares na Câmara que, segundo ela, “colocam os animais como vilões” e reforçam preconceitos históricos, especialmente contra raças como os pitbulls. Sem citar nomes, ela pediu mais responsabilidade no uso da palavra pública por parte dos vereadores.

“Se não há empatia pelos animais, que ao menos haja responsabilidade. Porque falas públicas têm consequência direta na vida deles”, alertou.

Ela também criticou a repetição de falas que tentam comparar o valor de um animal ao de uma vida humana. “Esse tipo de retórica distorce o debate. O problema nunca foi o animal, mas a negligência e o abandono humano”, reforçou.

Anteriormente, o vereador Felipe dos Santos (PP), em explicações pessoais, relatou casos de ataques de cães a bovinos em regiões rurais de Garopaba. Segundo ele, os ataques geraram prejuízos a produtores locais e ainda não houve respostas da Polícia Civil após registros de boletins de ocorrência.

Cães atacando gado: causa ou consequência?

Um dos pontos do discurso foi a resposta aos recentes relatos de ataques de cães a bovinos em áreas rurais do município. Tatiani pontuou que a causa real do problema é o abandono sistemático e a criação irresponsável.

Ela lembrou que cães que vivem em matilhas e atacam outros animais estão em sofrimento, privados de cuidados básicos e, muitas vezes, de alimento. “Se a prefeitura e o Estado não assumem o controle populacional, e se a sociedade abandona, a natureza responde. E responde como pode”, disse.

Tatiani reforçou que responsabilizar o animal é desviar o foco do verdadeiro responsável: o ser humano.

Legislação ignorada e fiscalização ausente

Com base em legislações vigentes, Tatiani cobrou a aplicação do Decreto Municipal 229/2024, que regula a circulação de cães potencialmente perigosos em vias públicas, e da Lei Estadual 12.854/2003, que proíbe a criação de pitbulls em Santa Catarina.

“Essas leis existem. O que falta é vontade política para cumpri-las”, criticou.

Ela relatou que a própria Câmara de Vereadores encaminhou ofício à Polícia Civil cobrando apuração dos ataques, mas o documento não foi respondido por ter sido enviado a uma delegada que não está mais lotada na cidade. “A comunicação falha, o atendimento falha, e quem paga é o animal e o produtor rural”, afirmou.

Resultados da APAG e pedido de reconhecimento institucional

Tatiani apresentou os números da atuação da APAG entre 2020 e 2024:

  • 3.978 animais atendidos entre resgates, tratamentos e adoções;
  • 2.056 adoções realizadas com acompanhamento pós-adoção;
  • 1.287 cirurgias realizadas, sendo a maioria de castrações;
  • 508 pitbulls resgatados, tratados, castrados e socializados por meio do programa SOS Pitbull APAG.

Além dos cães e gatos, a APAG também atua no resgate de animais silvestres e exóticos, como aves, tartarugas, cavalos e capivaras.

“Esse trabalho é feito por voluntários. Sem repasse público, sem salário, sem estrutura. E, ainda assim, substituímos o Estado em várias funções”, apontou Tatiani, pedindo reconhecimento institucional ao trabalho realizado pela associação.

Protocolo CED e políticas públicas estruturais

Entre as soluções apresentadas, a representante defendeu a implementação do CED – Captura, Esterilização e Devolução como política pública para controle populacional ético de cães e gatos de rua. Segundo ela, o método tem comprovação internacional e é respaldado por organizações como a OMS.

Tatiani também defendeu a implantação de microchips, a criação de um registro oficial de tutores, e campanhas de educação comunitária voltadas à posse responsável. Ela citou o programa Simpatinhas, lançado pelo Governo Federal, como referência de política integrada para pequenos municípios.

“Sem ações estruturais, vamos continuar enxugando gelo, lidando com os sintomas e não com as causas”, alertou.

Apelo: “Que Garopaba escolha o caminho da civilidade”

Encerrando sua fala, Tatiani pediu que o município não retroceda no debate sobre proteção animal e que os vereadores tenham coragem de legislar e fiscalizar de forma técnica e ética.

“Que Garopaba escolha o caminho da civilidade, da empatia, da justiça. Porque o abandono é o verdadeiro problema. E o silêncio diante dele também”, concluiu, sendo aplaudida pelo público presente no plenário.

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