Duas cachorras da raça Pitbull, resgatadas em setembro por maus-tratos no bairro Encantada, em Garopaba, foram devolvidos na tarde desta quinta-feira (30) à sede da Secretaria de Agricultura e Bem-Estar Animal de Garopaba. A entrega foi realizada por protetoras de animais de Imaruí, que haviam acolhido os animais após encontrá-los abandonados no mesmo município. O caso resultou em novo boletim de ocorrência e provocou reações entre as partes envolvidas.
De acordo com a protetora Bruna, advogada e moradora de Imaruí, as duas cadelas haviam sido encontradas no município, após o abandono, onde os animais entraram em confronto, resultando em ferimentos graves em ambas. Uma delas precisou passar por cirurgia de sutura e retirada de dentes quebrados devido à intensidade das mordidas e da força dos animais.
Segundo ela, os animais são reativos, não podem ficar juntos e representam risco a outros animais e pessoas. Diante da gravidade, as duas foram encaminhadas diretamente para atendimento médico-veterinário na clínica Saúde Animal Popular, em Imbituba, onde permaneceram internadas por cerca de duas semanas.
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Pitbulls são devolvidas à Secretaria de Agricultura e Bem-Estar Animal de Garopaba
Após receberem alta médica e sem resposta das Prefeituras de Garopaba e de Imaruí sobre o acolhimento dos animais, as protetoras decidiram levá-las à Secretaria de Agricultura e Bem-Estar Animal de Garopaba, responsável pela origem do caso. No local, segundo Bruna, os servidores Fabiano, Luiz e Paola, solicitaram que assinassem uma ata isentando a Prefeitura de Garopaba de responsabilidade, o que foi recusado. Em seguida, a Secretaria acionou a Polícia Militar.
Bruna afirmou que a intenção da Secretaria era que as protetoras fossem presas em flagrante pelo suposto abandono. “Nos disseram que seríamos responsabilizadas. Eu disse que, se fosse o caso, poderiam me prender em flagrante, mas que eu não levaria os animais de volta. Eles são responsabilidade do município de Garopaba”, relatou.
O boletim de ocorrência foi registrado sob o número 1761856856278. A ata lavrada pela Secretaria, à qual a reportagem teve acesso, confirma a presença das protetoras e o acionamento da Polícia Militar. No documento, consta que o responsável informal pelos animais, identificado como Jonas, teria comunicado anteriormente que não poderia continuar cuidando dos cães. A Secretaria informou que não possui contrato formal com ele e que o notificará para esclarecimentos, além de encaminhar relatório ao Ministério Público.
Conforme registros anteriores, os três cães haviam sido resgatados em setembro pela Polícia Militar após denúncias de maus-tratos em uma casa no bairro Encantada, onde também foi localizada uma estufa de maconha. Após o resgate, os animais foram castrados e microchipados pela Prefeitura, mas devolvidos ao mesmo local de origem — o mesmo onde haviam sido vítimas de maus-tratos, sem garantias de abrigo ou tutor responsável.
Em 14 de outubro, Bruna registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Imaruí relatando o abandono de três cães da raça pitbull em frente à sua residência. Segundo ela, um homem em um Fiat Palio branco, com placas de Garopaba, deixou os animais no local e fugiu em direção à BR-101. Um dos cães estava ferido e precisou de atendimento veterinário. Bruna informou que tentou contato com a Prefeitura de Garopaba, mas não obteve retorno, e identificou que os animais já estavam envolvidos em outra ocorrência registrada no município.
Posteriormente, em 24 de outubro, Bruna comunicou o caso ao Ministério Público de Imaruí e de Garopaba, informando que os cães seriam devolvidos ao município de origem. O MP respondeu que ela poderia agir conforme achasse necessário.
Tatiane Colares, da Associação Protetora dos Animais de Garopaba (APAG), também acompanhou o caso e afirmou que a Polícia Militar foi acionada na tentativa de responsabilizar criminalmente as protetoras, mas que a tentativa não teve efeito. “Como elas não eram tutoras dos cães, não configurou crime de abandono, e elas não foram presas”, disse.
Tatiane também elogiou a atitude das protetoras de Imaruí: “Elas fizeram o que todas as protetoras do mundo têm vontade de fazer, mas nunca tiveram coragem. O que mostra que as coisas estão passando dos limites e não estamos aguentando mais”, declarou.
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O destino das cadelas ainda é incerto. Segundo relatos, a Prefeitura de Garopaba não possui estrutura adequada para acolhimento de cães, especialmente os de grande porte e comportamento reativo, como os envolvidos no caso.
Até o momento da publicação desta matéria, a Secretaria de Agricultura e Bem-Estar Animal de Garopaba não respondeu aos contatos feitos pela reportagem.