Garopaba se despede de Dona Adelaide, uma figura emblemática e querida na comunidade quilombola Aldeia. Adelaide Maria de Jesus Nascimento, conhecida como Dona Adelaide, faleceu em sua residência no Campo D’una nesta quinta-feira, 4 de julho de 2024, aos 100 anos. O velório será realizado a partir das 15h de hoje na sede da Aldeia, e a celebração está marcada para amanhã às 9h30, seguida do sepultamento às 10h.
Nascida em 17 de outubro de 1923, Dona Adelaide completou um século de vida no ano passado. Natural de Garopaba, ela era uma benzedeira altamente respeitada e reconhecida tanto pela comunidade quilombola quanto por pessoas de diversas localidades. Seus pais trabalhavam na roça, na pesca e em atividades domésticas, e ela cresceu em um ambiente humilde, mas cheio de amor e sabedoria popular.
Dona Adelaide dizia: “Vem dinheiro, vem saúde”, enquanto sacudia um ramo verde de aroeira e conversava com Deus. “Ama Jesus”, pedia, e ainda acrescentava: “Novidades eu também conto – só as boas. Eu sei. Posso não contar, mas eu sei”. Com sua fé inabalável, ela aconselhava: “Tá tudo bem? Tá! Fé em Deus”, e sempre dizia: “Jesus te ama. Eu te amo”.
Sem ter sido ensinada por ninguém, Dona Adelaide descobriu seu dom de benzedeira aos 12 anos. Atribuía seu talento à fé em Jesus, e ao longo dos anos, desenvolveu um profundo conhecimento sobre plantas medicinais, utilizando-as para curar males físicos e espirituais. Suas bênçãos e previsões atraíam pessoas de todo o estado de Santa Catarina e de regiões vizinhas, buscando sua orientação e cura.
Casada com Argentino Timóteo Nascimento (in memoriam), Dona Adelaide teve seis filhos: José Luiz Nascimento, Eliete da Silva Nascimento, Maria da Glória Nascimento, José dos Passos Nascimento, Antonio Luís Nascimento (Navalhada) e Maria Conceição Nascimento (in memoriam). Ela também deixa inúmeros netos, bisnetos e uma comunidade inteira que a considerava como mãe.
Dona Adelaide foi uma figura essencial na preservação das tradições quilombolas, utilizando práticas como rezas, banhos de ervas e defumações para curar e fortalecer a identidade cultural da Aldeia. Sua fé em Nossa Senhora Aparecida e sua devoção à Palavra de Deus inspiraram todos ao seu redor, deixando um legado de amor e sabedoria que será lembrado por gerações.