A derrubada de árvores na Praça Governador Ivo Silveira, no Centro de Garopaba, na manhã desta terça-feira (20), gerou forte reação entre moradores. As árvores, que serviam de abrigo para maritacas, foram removidas com autorização do Instituto do Meio Ambiente de Garopaba (IMAG). Vídeos registrados no local mostram o momento do corte e a presença da diretora de Educação Ambiental do IMAG, Mariana Cristina Zucchi, que respondeu a questionamentos de moradores.
Moradores que acompanhavam a ação cobraram explicações sobre a legalidade do procedimento, os impactos sobre a fauna e quem, na administração pública, solicitou o corte. Mariana afirmou que a Prefeitura de Garopaba fez o pedido de corte, mas não identificou o setor ou servidor responsável. Ao ser questionada por uma moradora sobre a origem da solicitação, respondeu: “Não interessa quem for da prefeitura”.
A diretora explicou que a espécie retirada era a Araucaria columnaris, originária da Oceania, e que a substituição ocorrerá com espécies nativas. Ela afirmou que a compensação ambiental será realizada conforme prevê a legislação. “Quando se corta, se compensa, se mantém, se repõe, tudo que está de acordo com a legislação”, declarou.
Sobre os ninhos presentes nas árvores, Mariana afirmou que estavam vazios no momento do corte e que já haviam sido transferidos para o Projeto Ambiental Gaia Village. Segundo ela, a intenção é minimizar os impactos na fauna local, e mencionou que a área do parque possui uma população de caturritas que pode integrar os ninhos recolocados.
Questionada por um morador se as aves da praça voariam até o parque, Mariana respondeu: “Provavelmente eles são parentes. Então eles vão povoar lá e vão sair da área urbanizada”.
A árvore é um equipamento de infraestrutura, diz Mariana
Outro trecho da conversa que chamou atenção foi quando Mariana classificou a árvore como um “equipamento de infraestrutura”. Ela afirmou: “A árvore é considerada um equipamento de infraestrutura, porque ela tem o que podar, tem o que cuidar. Se ela cair, ela causa um problema. Além de ser um serviço, ela também pode ser considerada um equipamento”.
Diante da afirmação, moradores expressaram surpresa e preocupação. Um deles questionou se todas as árvores da mesma espécie seriam cortadas. Mariana respondeu que não imediatamente, mas confirmou que “existe um plano” para a retirada das demais, de forma coordenada.
A retirada de árvores com ninhos é uma prática que pode configurar crime ambiental, conforme a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), que proíbe a destruição de ninhos, abrigos e criadouros naturais sem autorização expressa de órgãos ambientais competentes, como o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) ou o IBAMA. No caso em Garopaba, a autorização foi concedida pelo próprio IMAG, órgão municipal.
Corte das árvores gerou revolta na comunidade
A repercussão foi imediata nas redes sociais. Diversos moradores se manifestaram contra a ação, argumentando que as árvores estavam saudáveis e abrigavam colônias de maritacas, conhecidas por seus grandes ninhos coletivos. A protetora/ativista da Associação Protetora dos Animais de Garopaba (APAG), Tatiani Colares, comentou: “Isso não podia acontecer… desculpa que são árvores exóticas??? Como assim??? Com certeza tinha ninhos e tinha bebês … isso é crime ambiental!!”.
O vereador Rodrigo de Oliveira (PT) também se pronunciou nas redes sociais. Ele questionou a necessidade da retirada das árvores, afirmando que não apresentavam risco e eram importantes para a fauna da área central da cidade.
Internautas apontaram ainda para um suposto padrão de degradação ambiental no município, citando a abertura de estradas em áreas de vegetação nativa e falta de fiscalização ambiental.
A Prefeitura de Garopaba e o IMAG ainda não divulgaram nota oficial com esclarecimentos sobre o plano de substituição das árvores e os critérios técnicos utilizados na decisão. A reportagem seguirá acompanhando os desdobramentos do caso.
Preparativos para 25ª Quermesse de Garopaba
A praça onde ocorreu a retirada é o mesmo espaço onde, anualmente, é montada a estrutura da Quermesse de Garopaba. Na edição de 2024, o palco central do evento foi instalado próximo ao local onde estavam as árvores, o que levanta a possibilidade de a remoção ter sido feita em virtude da estrutura da 25ª Quermesse de Garopaba que acontece no próximo mês de junho. No entanto, essa relação não foi confirmada oficialmente.