A 3ª edição do FICA – Festival Internacional de Cinema Ambiental de Garopaba está prevista para acontecer entre os dias 4 e 9 de novembro e será marcada pela presença de cineastas mulheres de Santa Catarina, que apresentarão suas produções inéditas. Um dos destaques é o documentário “Eglê”, que será exibido no dia 7 de novembro, às 19h, na Praça Central de Garopaba, de forma gratuita. O filme, dirigido por Adriane Canan, celebra a trajetória de Eglê Malheiros, uma figura pioneira no cinema catarinense e um dos ícones femininos na cultura do estado. A equipe técnica do documentário é composta exclusivamente por mulheres, reforçando a representatividade feminina no audiovisual.
Eglê Malheiros, que nasceu em Tubarão e tem 96 anos, foi a primeira mulher catarinense a atuar como roteirista de cinema. Em parceria com Salim Miguel, escreveu o roteiro do primeiro longa-metragem produzido em Santa Catarina, “O Preço da Ilusão” (1957), que marcou época ao ser realizado por integrantes do Grupo Sul, em Florianópolis. Antes disso, em 1952, Eglê lançou seu primeiro livro de poemas, intitulado “Manhã”, pelas Edições Sul. Segundo Adriane Canan, o documentário pretende dar luz à trajetória de Eglê, destacando sua relevância em áreas como cinema, literatura, política, tradução e outras, sendo a única mulher a integrar o Grupo Sul.
O documentário “Eglê” é uma produção da Margot Filmes, em parceria com a Lilás Filmes e a Calêndula Filmes, realizado com recursos do Prêmio Catarinense de Cinema 2019, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e da Ancine/FSA (Arranjos Regionais). Lançado em 2023, o filme já participou de festivais nacionais e recebeu o prêmio de Melhor Longa Nacional no VII Curta Lages – Festival Internacional de Cinema (2024) e uma Menção Honrosa na Mostra de Audiovisual do Seminário Internacional Fazendo Gênero 13 (2024), em Florianópolis.
Adriane Canan, natural de Quilombo, interior de Santa Catarina, é formada em Jornalismo e tem Mestrado em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ela também participou de uma oficina de Roteiro Avançado na Escuela de Cine y Televisión de San Antonio de Los Baños, em Cuba. Para ela, participar do FICA Garopaba é uma oportunidade única de promover o cinema e dar visibilidade à produção regional. “O festival oferece a chance de mostrar o que é produzido aqui e em outras regiões para um público mais amplo, promovendo a inclusão de públicos e realizadores/as”, comenta Adriane.
Outro filme em destaque no festival é o documentário “Plantadeira”, dirigido por Sheide Mara, que estreia na direção cinematográfica. O filme será exibido no dia 9 de novembro, às 18h. Nascida em Florianópolis e residente de Garopaba desde 2018, Sheide é terapeuta e trabalha com práticas integrativas que combinam arte, música e cultivo de plantas para promover saúde e bem-estar. Ela está entusiasmada por integrar a programação do FICA. “Participar de um festival desse porte em nossa região é emocionante, especialmente ao transmitir a importância das plantas e seus usos, algo essencial em tempos de crise climática”, destaca.
Com uma abordagem que conecta corpo, mente e ambiente, Sheide pretende transformar a relação das pessoas com a natureza e seu próprio bem-estar. “O cinema nunca foi minha área principal; meu sonho sempre foi criar hortos de plantas medicinais na cidade. Mas, com o apoio da Lei de Incentivo Paulo Gustavo, decidimos gravar o documentário sobre o poder das plantas e as mulheres plantadeiras da nossa região”, explica.
Produção em Garopaba
O FICA também contará com a exibição de “A Última Primavera”, curta-metragem produzido inteiramente em Garopaba e dirigido por Michelly Hadassa. A obra será apresentada no dia 9 de novembro, às 18h, dentro da Mostra Vozes Veladas, que reúne filmes catarinenses. Michelly, que vive em Garopaba há 25 anos, já participou de mais de 100 produções audiovisuais, incluindo curtas, longas, filmes publicitários e séries de TV. Ela considera o festival uma conquista para a cidade, pois promove debates sobre temas sociais, políticos, ambientais e culturais. “Cresci em Garopaba sem acesso a uma cultura que atraísse os jovens, sem políticas públicas voltadas para o público underground. Ver um festival desse porte aqui é gratificante”, afirma.
Coordenado por Cristovam Muniz Thiago, o FICA espera atrair um público de cerca de 2.300 pessoas durante os cinco dias de evento. A programação contará com exibições e atividades gratuitas em espaços culturais e educacionais de Garopaba, Imbituba, Laguna e Florianópolis. O evento é financiado pelo Prêmio Catarinense de Cinema, edição especial Paulo Gustavo/2023, e a programação completa está disponível no perfil @fica.garopaba no Instagram.