A paralisação do transporte público em Garopaba nesta segunda-feira (13) gerou divergências entre a Prefeitura Municipal e a concessionária Expresso Garopaba. Em nota publicada pela manhã em seu perfil no Instagram, a administração municipal afirmou que não foi notificada pela empresa sobre a interrupção dos serviços, como determina a legislação. De acordo com o comunicado, qualquer suspensão de serviços essenciais exige notificação prévia de 72 horas e a garantia de 30% das operações em funcionamento.
Após a publicação, a nota foi alvo de críticas de moradores, que cobraram transparência e agilidade para resolver a crise. Minutos depois, a prefeitura removeu a publicação e republicou o comunicado com uma correção. Apesar da atualização, a administração manteve a alegação de que a concessionária não informou previamente sobre a paralisação.
Contradição entre Prefeitura e Expresso Garopaba
O proprietário da Expresso Garopaba, Sizenando Pitigliani Júnior em entrevista à radio 94.7 FM, contestou o comunicado da prefeitura e afirmou que a paralisação não se trata de uma greve, mas de uma suspensão causada por atrasos recorrentes nos pagamentos do município. Ele destacou que a dívida acumulada de R$854.248,54 mil, referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2024. Segundo ele, a prefeitura não tem cumprido os prazos de pagamento desde julho de 2024.
“Eles pagam como querem, quando querem e quanto querem. Teve um mês em que o pagamento foi parcelado em seis vezes, de R$ 20 mil e R$ 30 mil cada. Nós só queremos receber o que nos é devido”, afirmou Júnior.
A Expresso Garopaba sustenta que notificou a Prefeitura de Garopaba sobre a crise em dezembro de 2024. Em um ofício enviado no dia 26 daquele mês, a concessionária alertava que os atrasos nos pagamentos e o não cumprimento do contrato colocariam em risco a continuidade dos serviços. O documento, endereçado à Diretora de Trânsito e Mobilidade do município, Tatiane Pereira dos Santos, também detalhava os débitos acumulados e solicitava providências urgentes.
A empresa condiciona a retomada das operações à quitação dos débitos e ao cumprimento integral dos termos contratuais. O advogado da empresa, Luiz Cantanhede, reforçou que as irregularidades nos pagamentos estão documentadas em processos judiciais. “Tudo está claro nos processos: os atrasos, os descumprimentos e até decisões judiciais não cumpridas pela prefeitura. Só queremos o que nos é devido”, afirmou.
Por outro lado, o prefeito Junior de Abreu Bento (PP), em entrevista à rádio local 94.7 FM, negou que tenha havido uma notificação oficial. “Isso pra mim é uma grande novidade. Vamos verificar com o setor de trânsito se houve alguma comunicação, mas, a princípio, o transporte segue normalmente”, disse. Ele também admitiu que alguns pagamentos de modo geral referentes ao mês de dezembro de 2024 estão atrasados, mas afirmou que serão regularizados em janeiro de 2025.
Repercussão entre a população
A publicação inicial da prefeitura gerou indignação entre os internautas, que criticaram a condução do caso e relataram as dificuldades enfrentadas com a suspensão dos serviços. “Vi a notificação da empresa ontem, circulando em todos os grupos, como vocês não sabiam? Em pleno verão e temporada, como nós, trabalhadores faremos?”, questionou uma internauta nos comentários.
Outro destacou os transtornos causados pela falta de transporte para trabalhar. “Vi a notificação da empresa ontem, circulando em todos os grupos, como vocês não sabiam? Em pleno verão e temporada, como nós, trabalhadores faremos?”
Mesmo após a correção do comunicado, os questionamentos da população persistiram, cobrando medidas imediatas para resolver o problema. Muitos criticaram a falta de alinhamento entre a prefeitura e a concessionária.
A paralisação afeta diretamente milhares de moradores de Garopaba, que dependem do transporte público para atividades diárias. Sem previsão para a retomada dos serviços, a crise expõe um impasse entre a prefeitura e a Expresso Garopaba, com versões contraditórias e uma solução ainda distante.
A prefeitura informou que continuará acompanhando a situação e buscará soluções para minimizar os impactos na população. Já a concessionária condiciona o retorno das operações à regularização dos pagamentos atrasados e ao cumprimento integral do contrato de concessão. Enquanto isso, a população enfrenta os efeitos imediatos da crise, com dificuldades de locomoção e falta de respostas concretas.
Noto oficial da Prefeitura:
A Prefeitura de Garopaba informa que, até a manhã desta segunda-feira (13), não foi notificada pela Expresso Garopaba, empresa concessionária responsável pelo transporte público coletivo, sobre a paralisação dos serviços no município. Por se tratar de um serviço essencial, a previsão legal obriga a comunicação de possível greve à prefeitura com, no mínimo, 72 horas de antecedência. Além disso, é obrigatória a manutenção de um percentual mínimo de 30% de transporte público em atividade.
A Prefeitura de Garopaba reforça que está atenta à situação e reitera que continuará tomando todas as medidas necessárias para assegurar que o transporte público coletivo funcione de maneira adequada e eficiente, conforme o que é exigido legalmente e acordado com a concessionária. A administração municipal permanece à disposição para esclarecer qualquer dúvida e manterá a transparência sobre o andamento das ações em curso.