quinta-feira, 10 julho 2025

Relatório da Operação Maestro volta ao centro dos debates na Câmara de Garopaba

Durante sessão, vereadores mencionaram mensagens com ofensas, suposta armação contra ex-vereador de oposição e sugestão de “comprar um jornal” para influenciar a opinião pública.
Foto: Câmara/YouTube Reprodução Garopaba.sc
Foto: Câmara/YouTube Reprodução Garopaba.sc

O relatório final da Operação Maestro, produzido pela Polícia Civil, foi novamente debatido na Câmara de Vereadores de Garopaba na sessão ordinária de terça-feira (8). A investigação, deflagrada em 2023, resultou no indiciamento de 17 pessoas, incluindo servidores públicos, empresários e o prefeito Junior de Abreu Bento (PP) por suspeitas de fraude em licitações, falsidade ideológica e organização criminosa, além de apontar indícios de lavagem de dinheiro.

O debate foi iniciado pela base governista através do vereador Sidney Gonçalves (PP) conhecido como Nei do Cipó, que alegou que os denunciantes acabaram sendo denunciados no relatório. Ele criticou a constante repercussão do caso na mídia e nas redes sociais. “Será que não aconteceu nada nessa cidade?”, questionou, ao afirmar que o município vive um clima permanente de disputa eleitoral. “O regime eleitoral acabou”, completou.

Sidney disse ainda que o processo democrático está sendo respeitado, que cabe ao Judiciário seguir com o caso e que a exposição pública desconsidera os avanços obtidos pela atual gestão. Segundo ele, “outros temas importantes são ignorados” em função da cobertura intensa da operação.

Leia também: Indiciamento do prefeito de Garopaba é debatido por vereadores em sessão da Câmara

Já o vereador Rodrigo de Oliveira (PT), leu diversos trechos do relatório da Polícia Civil. Entre eles, destacou trocas de mensagens do então procurador geral do município Henrique Telles Vargas com o prefeito Junior de Abreu Bento (PP) em que é sugerido “comprar um jornal” como estratégia de comunicação para prejudicar vereadores da oposição.

Segundo o trecho do relatório, Henrique diz: “Texto bom para adaptar e pedir a cassação do Jean Ricardo, comprar um jornal e fazer uma matéria ridicularizando o poder legislativo. Aí todos teriam que aprovar o andamento da CPI e deixar todo mundo indignado com ele.” O Junior responde: “Boa ideia, amanhã chama o Márcio.”

Rodrigo também mencionou o caso envolvendo o ex-vereador João Julião Luz Lopes (MDB), da legislatura passada. Segundo a investigação, haveria mensagens entre o então procurador Henrique Telles Vargas e outros integrantes da administração tratando da possibilidade de criar uma situação comprometedora para prejudicá-lo. “São 134 páginas com elementos concretos. Não é invenção da oposição, é um documento da Polícia Civil”, afirmou Rodrigo.

O vereador Nazinho Gonçalves (MDB) reforçou a gravidade das mensagens contidas no relatório e leu um trecho em que o então procurador diz: “Maldade é maldade, mas dá para fazer”, em referência à mesma trama contra João Julião. “Ele seria justamente a pessoa que teria que dizer ao prefeito: ‘Não, isso é errado, isso não pode’. E ele é quem diz: ‘Maldade é maldade, mas dá para fazer’”, afirmou Nazinho. Ele considerou grave o uso da estrutura pública para perseguição política.

Nazinho reforçou a gravidade das mensagens atribuídas a integrantes do governo. Em uma delas, parlamentares são chamados de “rengo e comunista”, expressão usada em referência a dois vereadores opositores da legislatura anterior. “Se isso não for tentativa de desmoralização, o que é?”, questionou. “Isso tudo está no inquérito oficial da Polícia Civil. Nenhum de nós escreveu essas mensagens”, declarou.

“E aqui eu não tô julgando ninguém, porque quem vai fazer esse julgamento é o judiciário e não sou eu. Eu tô relatando os fatos, como eu disse, apurado pela polícia, não pela oposição, não por jornais comprados, como dizem, é um relatório de um trabalho sério, de uma investigação”, concluiu Nazinho.

Leia também: Operação Maestro: Relatório final revela esquema em contratos da Prefeitura de Garopaba

O vereador Aires dos Santos (PP), que também é um dos indiciados pela Polícia Civil, contestou a abordagem policial em sua residência e disse que a operação provocou constrangimento e medo em sua família. “Armas em punho, minha esposa, minha neta e minha sogra em casa. Tomara que ninguém aqui passe por isso”, relatou. Aires defendeu os citados na investigação e afirmou confiar na inocência de todos os envolvidos.

“Volto a falar, tudo que foi feito dentro desse governo Junior e Guto, a qual eu defendo e tenho total certeza da inocência do trabalho que foi feito, parece que não foi levado em conta ou na verdade incomoda realmente a oposição”, disse o vereador Aires.

O vereador Felippe de Souza (MDB) defendeu a legitimidade das investigações e destacou que todos os mandados foram autorizados judicialmente. O vereador criticou a tentativa de transformar o caso em ataque político rebatendo a fala do vereador Aires dos Santos na sessão anterior: “Se eu fosse a oposição eu estava escondido, agarrava o mato.”

Felippe destacou, “Isso para mim denota é uma falta de maturidade política, porque ao mesmo tempo que existe uma crítica quanto ao revanchismo, essa fala demonstra que o senhor ainda tá no momento eleitoral e quem se elege governa para todos. Eu creio que a oposição não deva agarrar o mato, não deva se esconder. A oposição também é Garopabense, também paga seus impostos e merece ser respeitado.”

Em sua fala, ele também respondeu aos discursos da base governista e afirmou que o número de votos não isenta ninguém de responsabilidades. “O resultado do pleito, ele não dá chancela para ninguém tomar liberdade de estar acima da lei, tá?”, disse Felippe.

A Operação Maestro investiga suspeitas de irregularidades em contratos da Prefeitura de Garopaba firmados entre 2021 e 2023. O processo segue em segredo de justiça no Tribunal de Justiça na comarca de Florianópolis, sob o nº 5050062-42.2025.8.24.0000.

Assista ao vídeo completo da transmissão da Sessão pelo canal da Câmara no YouTube

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