sábado, 14 junho 2025

Plano Diretor: Pressão popular cresce contra mudanças no uso dos morros de Garopaba

Câmara de Vereadores deve ficar lotada nesta terça-feira (11) em resposta ao veto do prefeito, que pode ampliar construções nos morros.
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Moradores de Garopaba e representantes de entidades ambientais organizam nova mobilização nesta terça-feira (11), às 19h, na Câmara de Vereadores. O movimento, que já conta com um abaixo-assinado disponível no site change.org, busca impedir o aumento do índice construtivo nos morros da cidade, que pode elevar em até 50% o número de construções permitidas na região.

A polêmica ganhou força após o veto do prefeito Junior de Abreu Bento (PP) a uma emenda aprovada pela Câmara no final de 2024, que mantinha os índices construtivos do Plano Diretor como estavam. Essa emenda foi apresentada pelo ex-vereador João Julião Luz Lopes (MDB) após pressão popular, especialmente da Associação Comunitária da Praia do Silveira, para preservar as características ambientais da cidade.

A Prefeitura argumenta que a emenda contém vícios técnicos e jurídicos, alegando que não poderia ser apresentada por um vereador, mas sim pelo próprio Executivo. No entanto, Flávio Bica, presidente do Partido Novo e membro da associação, rebate essa justificativa. “Nosso pleito foi legítimo e seguiu todas as normas do processo do Plano Diretor. O que vemos é um descaso com a vontade popular”, afirmou.

O que muda com o novo Plano Diretor?

O novo Plano Diretor sancionado pela Prefeitura de Garopaba trouxe mudanças significativas para as áreas elevadas da cidade. A principal crítica dos moradores é que ele permite mais construções em áreas de morro, reduzindo o tamanho mínimo dos lotes e aumentando a taxa de ocupação dos terrenos.

De acordo com especialistas, as principais alterações são:

  • ZEP1 (antiga ZESP1)
    • Lote mínimo: de 3.000 m² para 1.500 m² (redução de 50%)
    • Taxa de ocupação: de 10% para 20% (dobrou)
    • Índice de aproveitamento: de 0,2 para 0,4 (dobrou)
  • ZUR2 (antiga ZEL2)
    • Lote mínimo: de 2.000 m² para 1.500 m² (redução de 25%)
    • Taxa de ocupação: de 15% para 20% (aumento de 25%)
    • Índice de aproveitamento: de 0,3 para 0,4 (aumento de 25%)

O consultor imobiliário Agnaldo Pacheco chamou atenção para as consequências da nova regulamentação: “Isso não afeta apenas o Morro da Silveira, mas todas as áreas elevadas da cidade. A paisagem e os recursos naturais estão sob risco com essa flexibilização nas regras de construção”.

Os críticos da proposta temem que essas mudanças comprometam a paisagem natural da cidade e aumentem a pressão sobre recursos hídricos e a infraestrutura local.

Câmara de Vereadores já enfrentou protesto na última semana

Na sessão da última terça-feira (4), dezenas de moradores compareceram à Câmara de Vereadores para exigir a preservação dos morros. O vereador Rodrigo de Oliveira (PT) explicou que os vetos do prefeito ainda passarão pela Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento e Bem-Estar antes de serem votados pelos parlamentares.

Durante a sessão, o vereador Jairo Pereira dos Santos (PP) gerou polêmica ao afirmar que “só a Silveira quer” a manutenção dos índices anteriores. A declaração foi mal recebida por moradores de diversas regiões, que reforçaram que a preservação ambiental é um interesse coletivo da cidade.

“Essa mudança vai impactar toda Garopaba, não apenas a Silveira. Estamos permitindo duplicar algo que ainda nem conseguimos visualizar completamente”, afirmou um dos manifestantes.

Moradores marcam presença durante Sessão da Câmara na última terça-feira (4) | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Mobilização continua: moradores convocam mais pessoas para o protesto desta terça-feira

O grupo contrário às mudanças no Plano Diretor segue coletando assinaturas para o abaixo-assinado contra o aumento da ocupação nos morros. O objetivo é pressionar os vereadores a derrubarem o veto do prefeito.

“Garopaba tem uma vocação natural, baseada no turismo sustentável e na preservação ambiental. Não podemos colocar isso em risco para atender interesses de construtoras e especulação imobiliária”, disse um dos organizadores da mobilização.

O ato desta terça-feira (11) deve reunir um grande número de pessoas na Câmara, com faixas e discursos em defesa da preservação ambiental. A expectativa é que o movimento aumente a pressão sobre os vereadores, que precisarão decidir se mantêm o veto do prefeito ou restauram a emenda aprovada no final de 2024.

Leia também

Compartilhe a notícia

Últimas notícias em Garopaba.sc

Com empates recorrentes nas sessões da Câmara, presidente tem decidido votações com seu Minerva. Mas até quando isso se sustenta?
Bebê nasceu no mesmo dia, mês e ano dos pais, em parto ocorrido a caminho do hospital em Tubarão.
Pesquisa da UFSC revela contaminação marinha por plásticos microscópicos e alerta para riscos ambientais e à saúde humana.

Receba tudo em
seu e-mail

Assinatura Boas Vindas R$0,00/mês